PERFORMANCE versus HAPPENING
A Performance é uma modalidade das artes visuais que, tal como o happening, apresenta ligações com o teatro e, em algumas situações, com a música.
O desenvolvimento da performance como modalidade artística deu-se durante a década de 1960, a partir das realizações do grupo Fluxus e, muito especialmente, pelas obras do artista Joseph Beuys. Numa de suas performances, Beuys passou horas sozinho na Galeria Schmela, em Düsseldorf, com o rosto coberto de mel e folhas de ouro, carregando nos braços uma lebre morta, a quem comentava detalhes sobre as obras expostas.
A Performance difere do happening por ser mais cuidadosamente elaborada e não envolver necessariamente a participação dos espectadores. Assim, como geralmente possui um "roteiro" previamente definido, é passível de ser reproduzida fielmente, em outros momentos ou locais.
O happening (do inglês, acontecimento) é uma forma de expressão, que, de certa maneira, apresenta características das artes cénicas. Neste tipo de obra, quase sempre planeada, incorporam-se alguns elementos de espontaneidade ou improvisação, que nunca se repetem da mesma maneira a cada nova apresentação.
Apesar de ser definida por alguns historiadores como um sinónimo de performance, o happening é diferente porque, além do aspecto de imprevisibilidade, geralmente envolve a participação directa ou indirecta do público espectador. Para o compositor John Cage, os happenings eram "eventos teatrais espontâneos e sem trama".
O termo happening, como categoria artística, foi utilizado pela primeira vez pelo artista Allan Kaprow, em 1959. Como evento artístico, acontecia em ambientes diversos, geralmente fora de museus e galerias, nunca preparados previamente para esse fim.
Na Pop Art, artistas como Kaprow e Jim Dine, programavam happennings com o intuito de "tirar a arte das telas e trazê-la para a vida". Robert Rauschenberg, em Spring Training (do inglês, Treino de Primavera), alugou trinta tartarugas para soltá-las sobre um palco escuro, com lanternas presas nos cascos. Enquanto as tartarugas emitiam luzes em direcções aleatórias, o artista deambulava entre elas vestindo calças de jóquei. No final, sobre pernas-de-pau, Rauschenberg deitou água num balde de gelo seco preso a sua cintura, levantando nuvens de vapor ao seu redor. Ao terminar o happening, o artista afirmou: "As tartarugas foram verdadeiras artistas, não foi?"
Referências Bibliográficas:
Archer, Michael. Arte Contemporânea: Uma História Concisa. Tradução: Alexandre Krug e Valter Lellis Siqueira. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
Chilvers, Ian. Dicionário Oxford de Arte. Tradução:Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
Dempsey, Amy. Estilos, escolas e movimentos. Tradução: Carlos Eugênio Marcondes de Moura. São Paulo: Cosac & Naify, 2003. 304 p.