quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

ESSE SER PALHAÇO * PARTE III

E donde nasce o Circo?

Como tudo, tem antecedentes desde os primeiros passos da evolução da humanidade. E neste caso, este espectáculo, esta arte, está interligada à necessidade de exibicionismo deste género animal. Mostrar as capacidades físicas, de habilidade, de ilusionismo fora do comum aos elementos da sociedade, sem razões sexuais de acasalamento ou de poder. É apenas pelo prazer de se exceder, e se alguns desenvolveram essas capacidades apenas para circuito interno, outros transformaram-nas em espectáculo, como fórmula de prestígio.

Os chineses, que se dizem inventores desse espectáculo de malabarismos, têm registos que nos levam ao século III a.c., às "Batalhas contra Chi-chu", um confronto de acrobacias que o Imperador impôs como Festival anual a partir de 108 a.c.

Na Europa as raízes dessa diversão estão ligadas essencialmente à agilidade nas artes equestres. Os hipódromos gregos são as primeiras estruturas circenses, construídas para espectáculo. Os Jogos Olímpicos serão outra demonstração circense da antiga Grécia. Claro que os Romanos não só adoptaram estes jogos circenses como o desenvolveram, associando-lhes um lado lúdico mais violento, pelo sangue e excentricidade. Aí eram apresentados não só animais exóticos, como homens de outras raças, outras culturas...

Aliando-se a curiosidade humana à necessidade de diversão, as Festas populares desenvolveram outro género de espectáculo. Menos grandioso, mas ambulante, grupos de "saltimbancos" andam de terra em terra, feira em feira, a exibirem fenómenos da natureza, habilidades incomuns, truques de ilusão, malabarismos... tendo muitas das vezes personagens cómicos como elo de ligação.

O louco, o Bobo... são personagens irreverentes que com momices ou a exploração de "deformações" físicas (anões, corcundas) sempre tiveram uma liberdade especial de expressão. O escárnio, o maldizer, eram armas exploradas então na literatura; mas quando exercido em confronto directo com o público, provoca reacções negativas se for feito como crítica directa, podendo mesmo ser violento. Se essa crítica for transmitida com comicidade, a violência explode em gargalhada, matizando esse lado negativo.
O Homem sempre necessitou de exorcizar as dificuldades da vida com essas irreverências, razão pela qual se desenvolveram uma série de ritos, sendo o Carnaval o mais duradoiro e conhecido. Nessas festas do "mundo invertido", não se poupava nem o sacro nem o profano, o poder ou o mero quotidiano, indo mesmo até ao além-túmulo, com as Danças Macabras.
Regressando à história breve do Circo...
(continua)