domingo, 4 de fevereiro de 2007

FEVEREIRO É MÊS DE CARNAVAL

As origens do Carnaval são obscuras e sobre ela há várias versões.
Teria nascido na Europa e se propagado pelo mundo, levado por gregos e romanos e depois pelos colonizadores portugueses, espanhóis, franceses e holandeses para países e continentes onde diferentes povos o adaptaram às suas próprias culturas.
Não se pode afirmar, também, com certeza, qual é a origem da palavra, mas existem duas versões mais aceites quanto ao seu significado:
  • A primeira afirma que a palavra Carnaval vem de carrus navalis, os carros navais com enormes tonéis de vinho que durante as Bacanais, festas em honra a Baco (deus dos ciclos vitais, da alegria e do vinho, conhecido entre os gregos como Dionísio), era distribuído ao povo em Roma.
  • A segunda variante atribui-lhe origem religiosa, com significado quase oposto ao de diversão, brincadeira e malícia a que a associamos hoje em dia. Segundo esta versão, o termo "carnaval" teria origem no latim carnevale, significando "suspensão da carne". O papa Gregório I, o Grande, transferiu em 590 d.C. o início da Quaresma para a quarta-feira anterior ao sexto domingo que precede a Páscoa. Ao sétimo domingo, denominado de "quinquagésima" deu o título de dominica ad carne levandas, expressão que teria sido sucessivamente abreviada para carne levandas, carne levale, carne levamen, carneval e carnaval, todas variantes de dialetos italianos que significam a ação de retirar, suspender, portanto "retirar a carne" da dieta. Carnaval seria, portanto, a designação do período imediatamente anterior ao jejum de carne por 40 dias. Os cristãos costumavam iniciar as comemorações do Carnaval na época de ano-novo e festa de Reis, intensificando-as no período que antecedia o último dia em que os cristãos comiam carne antes da quaresma, que prepara os fiéis para a Páscoa. Durante a Quaresma também havia abstinência de sexo e diversões como circo, teatro ou festas, estendendo o sentido da suspensão da carne aos prazeres considerados carnais. Portanto, todos tratavam de aproveitar ao máximo até o último dia, que ficou conhecido como "terça-feira gorda". O Carnaval termina com a penitência na Quarta-feira de Cinzas, que dá início à purificação do corpo e da alma pelo prolongado jejum de quarenta dias, restabelecendo, desse modo, a ordem rompida pelo desregramento da festa.

Na verdade, as celebrações carnavalescas são mais antigas do que a religião cristã e incorporaram muitos símbolos e significados ao longo da história dos povos. Há referências a festas semelhantes realizadas por vários povos agrários, como entre os egípcios (e sua festa em louvor à deusa Ísis e ao boi Ápis), entre hebreus, babilônios (com a festa das Sáceas, que durava cinco dias nos quais reinavam a licença sexual e a inversão dos papéis entre senhores e servos), entre os antigos germânicos (com a festa oferecida à deusa Herta). Durante essas festas homens e mulheres comemoravam o fim do tempo ruim do inverno - que destruía as plantações, afugentava a caça e os prendia aos abrigos - e o início do tempo bom, com a volta do calor do sol, a chegada da primavera, das flores e da fertilidade da terra, cantando e dançando para expressar sua alegria e afugentar as negativas forças do frio e da escuridão que prejudicavam o plantio.

Texto de Rita Amaral

antropóloga do Núcleo de Antropologia Urbana da USP, doutora em antropologia social