domingo, 11 de fevereiro de 2007

Carnaval Português III - SINES

Uma notícia surgida na “Folha de Sines", datada de 15 de Fevereiro de 1926, narrava assim:
«Sines vai assistir a uma deslumbrante festa carnavalesca, que consta de uma recepção a suas majestades, o rei e a rainha de Maduralândia - dois verdadeiros maduros que nos visitam, envergando trajos típicos da região. Num grande cortejo percorrerá as ruas da vila indo suas majestades depor uma coroa de louros no pedestal do monumento a Vasco da Gama. Depois, haverá um “ foot-mão-pinha-ball” entre o “Tirate para lá não me tisnes“ finalista de Maduralândia, e o “Femina Baco clube” que se apresenta com cabelos à garçone».
O “grupo dos Carlos”
O Carnaval de Sines foi, durante muitos anos, um acto mais ou menos espontâneo da população e que consistia em cegadas, burricadas, e mascaradas, formadas por grupos de jovens assaltantes de varandas e janelas famosas das casas do centro da vila, armados de bagas de palmeira e tremoços, como munições, tentando ao mesmo tempo mascarrar as jovens casamenteiras de época.
Por volta de 1956, surge um grupo de jovens chamados “Os Carlos” e que era composto pelos nossos conterrâneos Carlos Vilhena, Carlos Manafaia, Carlos Lopes Paulo, Carlos Águas, Carlos Guê-Gué e Agostinho Cunha, entre outros, que se organizaram de forma a dar a estas manifestações de cariz popular uma estrutura mais sistemática. No ano seguinte, com a entrada para o grupo do Carlos de Vicente do Ó, Edmundo Prata, Manuel Vilhena e, mais tarde, António da Piedade, surge a 1ª comissão de Carnaval organizada para gerir os esforços dos trabalhadores que se disponibilizavam para a realização de cegadas e organização de bailes foliões, que nessa época eram levados a cabo em todas as colectividades da vila.

Carnaval dos nossos dias
É provável que o espírito de Carnaval fosse diferente nessa altura mas a dedicação presentemente, não é menor. Claro que a ideia de que o Carnaval podia ser coisa rentável e economicamente viável não passou pela cabeça destes nossos conterrâneos, porque o sentido que os movia era uma dedicação generosa destituída de interesse. Os carros são feitos com orgulho de artistas que competem uns entre os outros pela qualidade da sua obra pela originalidade das suas ideias, e pela dificuldade na execução do seu próprio trabalho. Era um desafio a que se impunham, (porque a maior parte das vezes o trabalho era nocturno, nas horas do seu próprio lazer), e contra os meios (porque em muitos casos as despesa corriam por conta própria).