Carnaval Português IV - OVAR
Organizado desde 1952, o Carnaval de Ovar é o maior acontecimento turístico da região, atraindo anualmente dezenas de milhares de visitantes.A preparação do Corso Carnavalesco envolve, durante todo o ano, os figurantes e suas famílias que executam, eles próprios, os trajes, as máscaras, as fantasias, os enfeites e os carros alegóricos, ricos de exotismo, criatividade e humor!
Em 1952, dá-se, a "domesticação" do Carnaval. Sonhou-se uma festa que cumprisse dois objectivos: a "institucionalização" da alegria carnavalesca e a exploração do Carnaval como cartaz turístico poderoso.
O Carnaval Sujo, se não tivesse morrido às suas próprias mãos, vítima dos seus inevitáveis exageros, teria soçobrado as leis e regulamentos que foram aparecendo. Que calhas poderiam guiar, que fronteiras poderiam conter a guerra das terças-feiras? Era impossível! O fim de festa era nuvens de vários pós, do carvão ao ocre, do cré a serradura e nada ficava como era, onde e quando a orda dos "combatentes" passava. Durante mais ou menos 60 minutos, isto é, entre dois toques da sirene dos bombeiros, instalava-se no centro da vila (a cidade já não conheceu esta farra) a mais completa, nevoenta e barulhenta anarquia. Dos camiões rolando, derrapando, grunhindo, chiando – uns para cima, outros para baixo, uns de frente, outros de lado ou de marcha a trás –, chovia preto, jorrava amarelo, chispava branco e tudo se misturava no ar empestado de perfumes a condizer para cair de chofre ou lentamente, em cartuchadas pesadas ou em baforadas suaves, sobre os beligerantes e apanhando pelo caminho fugitivos pouco lestos e neutrais distraídos.
Portanto, em 1952, nasce o Carnaval organizado. No ano seguinte, o êxito repetiu-se de tal maneira que, em 1955, o Carnaval vareiro, na terça-feira, "deslocou-se" ao Porto, onde participou no Corso dos Fenianos. Estava lançada, em termos nacionais, a "grande festa vareira" também apelidada de "VITAMINA DA ALEGRIA". Cumpria-se um dos desígnios da "oficialização" do Carnaval de Ovar, que, em 1964, foi premiado pela Câmara com a deliberação de considerar a terça-feira de Carnaval como dia de feriado municipal.
Em 1961, "ventos progressistas" chegam ao Entrudo e, pela primeira vez na sua história de quase 10 anos (até 1952 foi a "pré-história"), a Rainha do Carnaval foi uma mulher "propriamente dita", isto é, adoptou-se, também no Carnaval, a "regra geral", a normalidade, que substituiu o uso de o Rei casar com uma Rainha-Homem.
Ano após ano, a norma ganha terreno e o Carnaval segue entre barreiras e vedações, rege-se por regras e convenções. A espontaneidade, o inventar hoje para usar amanhã, vão dando lugar ao planeamento. A estratégia é necessária uma vez que se investem somas já consideráveis.
Pela primeira vez, em 1963, o "corso" sai nos dois dias grandes do Entrudo: Domingo e Terça.
António Salvador – filho de um dos mais carismáticos foliões da década de 50 – ascende ao "Trono" em 1970 e faz 14 reinados, em séries intervaladas por algumas "usurpações". Foi o maior e morreu de ceptro na mão e coroa na cabeça, como compete a qualquer rei que se preza.
A década de 80 é a década marcada pelo aparecimento do samba no Carnaval Vareiro.
A "Costa de Prata" sai, como projecto de escola de samba, em 1983. No ano seguinte, é a primeira pronta e acabada. Foi um êxito, que marcou irremediavelmente o Carnaval Vareiro.
Há quem diga que o aparecimento da "Costa de Prata", define a passagem, na história do entrudo vareiro, da idade moderna para a contemporânea, caracterizada, fundamentalmente, pela ditadura do samba, que se expandiu como epidemia incontrolável. Em 1989 são seis as Escolas de Samba a desfilar no nosso Corso.
Continuamos, até hoje, a resistir à integração de figuras públicas no nosso Corso que, supostamente, viriam abrilhantar a nossa Festa dando-lhe mais visibilidade nos media, mas não conseguimos resistir ao ritmo contagiante do samba que parece correr nas veias de alguns vareiros como se no Brasil tivessem nascido.
Em 1952, dá-se, a "domesticação" do Carnaval. Sonhou-se uma festa que cumprisse dois objectivos: a "institucionalização" da alegria carnavalesca e a exploração do Carnaval como cartaz turístico poderoso.
O Carnaval Sujo, se não tivesse morrido às suas próprias mãos, vítima dos seus inevitáveis exageros, teria soçobrado as leis e regulamentos que foram aparecendo. Que calhas poderiam guiar, que fronteiras poderiam conter a guerra das terças-feiras? Era impossível! O fim de festa era nuvens de vários pós, do carvão ao ocre, do cré a serradura e nada ficava como era, onde e quando a orda dos "combatentes" passava. Durante mais ou menos 60 minutos, isto é, entre dois toques da sirene dos bombeiros, instalava-se no centro da vila (a cidade já não conheceu esta farra) a mais completa, nevoenta e barulhenta anarquia. Dos camiões rolando, derrapando, grunhindo, chiando – uns para cima, outros para baixo, uns de frente, outros de lado ou de marcha a trás –, chovia preto, jorrava amarelo, chispava branco e tudo se misturava no ar empestado de perfumes a condizer para cair de chofre ou lentamente, em cartuchadas pesadas ou em baforadas suaves, sobre os beligerantes e apanhando pelo caminho fugitivos pouco lestos e neutrais distraídos.
Portanto, em 1952, nasce o Carnaval organizado. No ano seguinte, o êxito repetiu-se de tal maneira que, em 1955, o Carnaval vareiro, na terça-feira, "deslocou-se" ao Porto, onde participou no Corso dos Fenianos. Estava lançada, em termos nacionais, a "grande festa vareira" também apelidada de "VITAMINA DA ALEGRIA". Cumpria-se um dos desígnios da "oficialização" do Carnaval de Ovar, que, em 1964, foi premiado pela Câmara com a deliberação de considerar a terça-feira de Carnaval como dia de feriado municipal.
Em 1961, "ventos progressistas" chegam ao Entrudo e, pela primeira vez na sua história de quase 10 anos (até 1952 foi a "pré-história"), a Rainha do Carnaval foi uma mulher "propriamente dita", isto é, adoptou-se, também no Carnaval, a "regra geral", a normalidade, que substituiu o uso de o Rei casar com uma Rainha-Homem.
Ano após ano, a norma ganha terreno e o Carnaval segue entre barreiras e vedações, rege-se por regras e convenções. A espontaneidade, o inventar hoje para usar amanhã, vão dando lugar ao planeamento. A estratégia é necessária uma vez que se investem somas já consideráveis.
Pela primeira vez, em 1963, o "corso" sai nos dois dias grandes do Entrudo: Domingo e Terça.
António Salvador – filho de um dos mais carismáticos foliões da década de 50 – ascende ao "Trono" em 1970 e faz 14 reinados, em séries intervaladas por algumas "usurpações". Foi o maior e morreu de ceptro na mão e coroa na cabeça, como compete a qualquer rei que se preza.
A década de 80 é a década marcada pelo aparecimento do samba no Carnaval Vareiro.
A "Costa de Prata" sai, como projecto de escola de samba, em 1983. No ano seguinte, é a primeira pronta e acabada. Foi um êxito, que marcou irremediavelmente o Carnaval Vareiro.
Há quem diga que o aparecimento da "Costa de Prata", define a passagem, na história do entrudo vareiro, da idade moderna para a contemporânea, caracterizada, fundamentalmente, pela ditadura do samba, que se expandiu como epidemia incontrolável. Em 1989 são seis as Escolas de Samba a desfilar no nosso Corso.
Continuamos, até hoje, a resistir à integração de figuras públicas no nosso Corso que, supostamente, viriam abrilhantar a nossa Festa dando-lhe mais visibilidade nos media, mas não conseguimos resistir ao ritmo contagiante do samba que parece correr nas veias de alguns vareiros como se no Brasil tivessem nascido.
(Fonte: carnaval.ovar.net/)